O filme Termal Nível 5 levou mais de 2 anos para ser feito, com centenas de efeitos especiais, equipe reduzida e orçamento baixíssimo.

Batalhas espaciais fazem parte de um tema recorrente em filmes de ficção e fantasia. Um dia o diretor e roteirista Gio Vieira, que é grande fã de filmes desse gênero, se deu conta que a Setor 29 ainda não havia feito um filme com batalhas espaciais em larga escala. Em The Gapvoid até temos batalha espacial, mas em uma escala pequena.

“Eu queria tentar fazer algo na linha do Retorno de Jedi. Claro que não tinha a pretensão de fazer algo tão grandioso, porque em O Retorno de Jedi estão as batalhas espaciais mais sensacionais já feitas por um ser humano. Fazer algo parcialmente próximo já seria fantástico.”, diz Gio Vieira.

Segundo Gio, a primeira ideia para seu filme veio de uma imagem que surgiu em sua mente com uma nave pequenininha tendo que enfrentar uma nave inimiga colossal. A partir dessa imagem e da vontade de fazer uma batalha espacial épica, a história foi se expandindo até ganhar o formato que vemos no filme.

Um detalhe curioso é que este filme se passa dentro de um universo maior, já criado por Gio Vieira há muitos anos, que não por acaso, também se chama Setor 29 (entenda melhor essa história no nosso blog, clicando aqui). Inclusive, os eventos mostrados em seu outro filme The Gapvoid também se passam dentro do mesmo universo. Quem sabe no futuro não teremos uma história envolvendo Black, o protagonista de The Gapvoid e Duke, o herói de Termal Nível 5?

Acumulando diversas funções, como edição, efeitos especiais, direção de arte entre outras, Gio Vieira teve que colocar a mão na massa para tornar sua visão em realidade. A produção começou meses antes das filmagens, com Gio fazendo a criação do visual do filme, além da construção de cenários e objetos de cena. Ele também teve que construir o simpático robozinho Zero-Dois, que é um boneco manipulável, feito basicamente de material reciclado.

As gravações aconteceram em um final de semana em Belo Horizonte no início de 2023, com um elenco e equipe super dedicados e um orçamento super baixo. No elenco estava Luís Almeida como Capitão Duke, Nilmara Gomes como a Coronel, Carlos Nunes como o Governador e Guilherme Santez como secretário. O robô Zero-Dois ganhou vida pelas mãos de Léo Campos, que também fez a sua voz. Léo ainda fez uma participação especial no filme como o guarda da prisão. Depois disso foram praticamente dois anos de pós-produção, onde Gio Vieira trabalhou sozinho, todos os dias, desenvolvendo as mais de 300 cenas com efeitos visuais.

Nas palavras do diretor: “Eu sempre tento fazer uso de técnicas tradicionais, como miniaturas e cenários reais, mas o desafio desse filme era tão grande que precisei usar todas as técnicas que eu conhecia, inclusive computação gráfica em algumas cenas.”

Em seus filmes anteriores os objetos de cena e miniaturas eram feitos essencialmente de material reciclado seguindo uma técnica chamada kitbash, onde se utiliza peças aleatórias de diversas origens para criar algo novo. Apesar de ainda usar essa técnica largamente no filme, desta vez ele pode contar com uma impressora 3D, que permitiu ter mais controle sobre certos aspectos do filme.

Como diz Gio Vieira “Fazer uma miniatura com material reciclado é uma experiência fantástica, mas tem alguns desafios: não dá pra ter o controle do design final do objeto, porque você depende das peças que encontrar. Além disso, depois de pronto o objeto se torna uma espécie de escultura única, o que dificulta muito fazer uma reprodução, caso ele se quebre ou seja necessário uma versão maior de alguma parte para filmar em detalhes. A impressão 3D me permite desenhar o objeto antes e construir exatamente como eu pensei, além de poder produzir mais peças caso seja necessário.”

A trilha sonora mais uma vez é composta por músicas clássicas em domínio público, com grandes compositores como Beethoven, Berlioz, Verdi, Tchaikovsky, entre outros. Sendo que as composições de Tchaikovsky tem um destaque especial no filme. É curioso pensar que tais composições foram feitas há tantos anos com uma motivação totalmente diferente, mas no filme encaixam como luva nas cenas de ação: são as obras Romeo e Julieta e a belíssima composição do ballet da Bela Adormecida, considerada pelo próprio compositor na época como sua obra prima.

Atualmente o filme se encontra participando de festivais e você pode conferir o trailer no início desta página.